quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Capitulo 2 – o caminho para cinzas de greenwood.


*Anos de 1953 > Estava parada diante de minha mãe enquanto olhava atentamente para a minha frente, era um enorme prédio a escola “Greenwood”, eu fantasiava tanto estudar naquele lugar, tinha somente 5 anos de idade, olhava firmemente para o prédio os alunos que dele saiam, minha mãe Elisabeth Taylor, olhava para a escola enquanto meu irmão Marcos Taylor vinha em nossa direção, Marcos era um garoto arrogante, me chateava as vezes, seu cabelo semi comprido meio rebelde, nunca o entendia naquela época.
O vestido de minha mãe balançava enquanto ela olhava para Marcos e dizia.
-Vamos filhos estou com pressa.
Meu irmão fazia seu rosto de debochado, não era a imagem que qualquer um queria ver dele, mais ele era simplesmente um jovem como os demais da época, revoltado. Sentia inveja dele por estudar naquele lugar, mais marcos era 10 anos mais velho que eu, um dia minha vez iria chegaria*
A rua escura mortificava minha visão, a lanterna não ajudava a localizar exatamente onde estava, tudo parecia ser exatamente igual, cada passo na noite fria fazia minha alma se arrepiar, meu coração bater, minha pele ficar alva de medo. Num entendia, quanto mais caminhava menos próxima de alguma coisa chegava, não via um palmo a minha frente sem lanterna, não via o céu, toda a escuridão escondia meu mundo, jamais havia visto algo assim, era como se uma nuvem negra dominasse todo lugar, como se me cercasse, caminha cada vez mais manca seguindo a rua no meio do nada, iluminando o asfalto gelado, e a mata sinistra a minha volta, como uma infinita vastidão, tudo estava silencio e completamente assustador.
Andava cada vez mais devagar, meu coração acelerava enquanto meu cansaço me dominava, ia me aproximando cada vez mais do nada, estava difícil respirar, estava longo do caminho, queria chegar logo, a noite estava me assustando, a ausência de memoria estava me deixando louca. Como poderia não saber quem era? Quem era Bebê? Quem era Alessa? Tudo se convertia em um caos enorme em minha mente me via louca absorvida por perguntas das quais não era capaz de encontrar uma resposta, enquanto olhava para a escuridão a minha frente tentava força minha mente, tentava me fazer lembrar, mais os flashback ainda não eram completamente claros.
Sobre minha mente refletia imagens, imagens das quais ainda não tinha resposta, podia lembrar, fogo muito fogo, gritos, ódio, uma dor incontrolável dominava-me, via mais chamas, mais gritos, e sentia algo me chamando, quanto mais perto me aproximava dessas memorias, era como se meus passos cansados e lentos me levassem a origens dela, precisava de ajuda, necessitava lembrar. Cada passo me atraia para o destino, um enorme pilar de concreto escrito “Greewood” surgia a minha memoria, como um estalar e junto desse nome, uma voz de uma garota. Alessa? Será que era a voz da garota que me lembrava?  Ela gritava, ela chamava, o nome que se repetia em minha mente.
“Marcos porque você fez isso? Porque marcos?”
Meu coração acelerava, quando nesse momento a lanterna iluminou um par de calçados pretos polidos, nesse momento parei em choque e ergui a lanterna na escuridão, o susto me fez cair ao chão enquanto observava o garoto de 15 anos a minha frente, ele me olhava penetrante, sua pele era muito branca, sem vida, como se nenhuma gota de sangue quente circulasse seu corpo, o contorno dos olhos estavam manchados de vermelho e seu olhar sem brilho, completamente sem vida, seu lábios estava apagados na cor de sua pele, cabelos semi compridos, vestia terno e gravata, ele olhou para mim no fim da escuridão, apontou para sua roupa e me disse:
-Por sua culpa. Foi assim que me vestiram.
Ele parou olhando para o fim do lado oposto nosso e se virou, deu uma mais uma olhada para mim, enquanto disse.
-Você Anna.
Ele começou a caminha rumo a escuridão, andava com o corpo endurecido repetindo o mesmo movimento do caminhar, a luz da lanterna iluminava seu corpo, fiquei de pé nesse instante e comecei a caminhar em sua direção, enquanto mancava, não sabia o que dizer o medo tomava conta de mim, era com se tivesse trauma daquele garoto como se ele tivesse feito algum mal, algo que me fazia teme-lo. Nesse instante senti algo que parecia suas mãos frias tocarem meu corpo, um nojo de sua imagem me tomou por completa.
Continuei a caminhada o segundo. Andava cada passo com meu mancar, andava o iluminando com a lanterna, por mais lento que ele caminhasse parecia ser impossível de acompanha-lo, me via perdida em meio a escuridão, me via assustada diante dos flash que iluminavam minha mente, ouvia um nome se repetindo em minha cabeça “Marcos”, com certeza esse era o nome do garoto, sentia um nojo me dominar, ele cada vez estava mais distante, eu tentava segui-lo, mais parecia impossível alcança-lo.
Minhas pernas se arrastavam pelo cansaço da caminhada, fazia tempo que andava no escuro abandonado, a imagem de Marcos já estava desaparecida a minha frente, não o via, não o localizava, tentava enxerga-lo mais era impossível localiza-lo, Marcos havia sumido de minha visão, assim como havia sumido de minha memoria, continuei a caminhar enquanto gritava.
-Marcos!
Meu grito era tímido, quieto, acuado, mais não conseguia gritar verdadeiramente, não conseguia demonstrar coragem, o procurava, mais meu coração demonstrava não quere encontra-lo, minha mente não queria se lembrar dele, não queria saber de suas existência.
Sobre a noite assustadora, sobre a estrada abandonada, sobre o silencio eterno, aquele lugar parecia surreal, não ouvia nem o cantar dos grilos, o som da noite, era bizarro, como se tudo tivesse parado no tempo, como se o som da vida tivesse deixado de existe, como se estivesse em um lugar onde tudo estava morto, nem o vento dava sinal de vida, demonstrava sinal de sua existência. Continuava minha caminhada, não sentia mais a dor, minhas pernas estava amortecidas, continuava a caminhar, continuava a olhar a escuridão e o som da pura morte, o som de algo, algo que se chamava silencio. Cada passo me levava a um trecho novo, lembrava de Greenwood, era como se esse lugar fosse meu fim, fosse onde tudo terminou, as ultimas memorias do meu passado, deveria revirar minha mente, encontrar esse lugar e ir regredindo até minhas origens saber o que estava se passando.
Um som, um único som chamou minha atenção, me retirou do meu transe perpetuou do meu caminhar silencioso, dos vasculhar de minha mente por mais informações, era um miado, só poderia ser, um miado de um felino muito acuado, continuei a caminhar rumo ao miado, o som era familiar, o som me lembrava “Alessa” , meu coração se acelerava enquanto me aproximava de uma velha encruzilhada, lá estava o felino, um velho gato preto, miando em frente a um velho vertido, meio vitoriano, um antigo vestido sujo e rasgado com bordados e babados, vestido de uma criança, o vestido que vinha a minha mente, o vestido de alessa.

******
“sobre minhas memorias os flash de um dia estranho dominava, a rua estava clara, mais o tempo era repleto de um cinza infinito, estava uma garotinha pequena deitada no na rua de terra batida do interior sobre a placa que dizia ‘ a esquerda greenwood’ a ‘em frente villa rockhead’, a outra placa que orientava para outras regiões jazia no chão envelhecida com a madeira que a constitua podre acabada do tempo.
A pequena garotinha de 5 anos parecia uma bonequinha, o clima de outono criava um ambiente úmido cercado de uma neblina fantasmagórica, o ambiente acinzentado com em um velho filho, o som do vendo cantarolava enquanto levavam consigo as folhas secas, uma pequena lagrima escorria do olhar da pequena jovem de vermelho, da minha pequena imagem, uma lagrima escorria de meu rosto. As lembranças daquele dia dominavam minha mente, empreguinavam meu ser, como se tudo tivesse começado ali, naquele fim de tarde de outono deitada no meio da encruzilhada esperando algo terminar o que havia começado em minha vida.
Aquele dia havia visto meu pai bater violentamente em minha mãe, foi a primeira vez que o vi bêbado, meu vestido ainda refletia uma bela cor de vermelho que combinava com o batom vermelho cereja que minha mãe passava em meus lábios carnudos, agora parte do meu batom estava manchado e o lado direito do meu rosto estava avermelhado do muro que meu pai havia me dado por tentar parar a briga, esperava que um veiculo passasse, ou que um cavalo me mutilasse ao passar encima de mim, ou então que simplesmente o tempo passasse e retirasse a minha vida, me levasse pela fome, pela desidratação, e principalmente pela tristeza e pela desilusão.
Chorava sem fim, enlouquecia por motivos que recém estavam começados, olhava para o céu sem vida, sem nuvens, coberto pela neblina, enquanto o vento levava a poeira que estava sobre a velha placa de madeira caída no canto da encruzilhada e movia a placa de madeira que estava em pé, a balançado e produzindo um leve rangido agoniante que me irritava ainda mais, foi nesse momento que a bela voz dominou meu ouvido pela primeira vez. A vi vindo da direção da minha villa, da villa rockhead, ela usava um velho vestido vitoriano repleto de babados com volume na cintura, e uma fita vermelha amarrada formando um laço na cintura, ela era linda, a renda das suas meias calças eram num tom branco com motivos de florais, sua pele clara e seus olhos azuis me dominava. Ela veio em minha direção e sentou-se ao meu lado, olhou para meus olhar triste e disse.
-não sei quem é você. Mais o que será que esteja fazendo, vou fazer também.
-você não entende, a vida é uma merda, vou me matar.
-então vou me matar também, a vida é uma merda pra todos garota.
Fiquei a olhando enquanto ela abraçava uma velha boneca de porcelana, sentei-me também e olhava sua boneca, com os cabelos pretos  olhos castanhos de vidro muito realista, vestia um vestidinho igual o da menina.
-qual o nome dela? – perguntei.
-o nome dela é Bebê, minha filha – ela olhava para mim enquanto expressava um grande sorriso – A propósito, meu nome é Alessa, qual o seu nome?
- Meu nome é Anna.
-E ai Anna que acha de sairmos desse lugar chato e parado e irmos brincar?
Logo ficamos em pé a abrasei fortemente e começamos a correr em direção de Rockhead, quando um miado chamou nossa atenção, começamos a caminha rumo a um canto da esquina, e vimos jogado ao meio do mato, uma sacola plásticas, com alguma coisa se mexendo, rapidamente Alessa me entregou Bebê, a segurei como se fosse minha vida, como se fosse a coisa mais importante para mim, Alessa imediatamente abriu o velho saco e dele saíram vários gatinhos, mais não simples gatinhos, todos gatinhos mortos.
Fiquei assustada com a imagem tampei os olhos de Bebê para que a filha de Alessa não visse tal imagem, a imagem da morte, virei meu rosto enquanto estava em choque, Alessa ficou algum tempo calada, quando disse feliz.
-Veja Alessa que lindo.
Nesse momento tive uma leve sessão de medo, achei que Alessa achava a morte linda, quando o som de um miado me assombrou, olhei para Alessa, ela segurava um pequeno gatinho preto, ela me olhou novamente para mim e disse.
-É lindo um milagre né Anna? – ela abraçava o gatinho enquanto sorria – Em mio a tristeza e as magoas nós conhecemos, em meio a morte, encontrei a vida. Vou chama-lo de sortudo.
Alessa abraçava o gatinho Sortudo fortemente enquanto sorria e vinha em minha direção e me estendia a mão. Logo....
*****
Toda imagem desaparecia de minha mente, todas memorais deixaram de existira apartir daquele momento, me vi de mão estendida para o nada, me vi fingido segurar a Bebê no colo, mais ela não existia, Alessa não estava mais aqui, lembrei-me do velho gato preto que estava miando em frente ao vestido, quando me logo iluminei onde ele estava, não existia mais Sortudo, não existia mais o vestido, tudo havia desaparecido. Lembrava-me que havia ido naquela encruzilhada porque estava triste, e devido a tristeza conheci Alessa, e em meio a morte Alessa achou a vida.
As palavras de Alessa não saiam de minha mente, a imagem dos gatos mortos também, peguei a lanterna e iluminei a velha placa que estava em pedaços no chão, a levantei e vi somente em um dos lados escritos, “a esquerda greenwood”, olhei para o caminho a qual a placa apontava e continuei a caminhar, continuei rumo a greenwood.
Meus passos iam se aproximando do lugar, enquanto me lembrava das recordações de meu passado, havia vivido minha vida inteira naquele local, lembrava-me do velho vestido de Alessa que havia visto jogado na encruzilhada e do miado de Sortudo já muito velho para o nada, minha mente estava querendo se lembrar, mais alguma coisa bloqueava a memoria, e estava liberando somente imagens boas do meu passado, precisava de algo, precisava saber o que tinha acontecido.
Via sobre a estrada o pilhar de concreto ao qual me lembrava escrito “greenwood school” flah da velha escola de greenwood passava sobre minha mente, comecei a caminhar, um velho portão todo amassado estava a minha frente, ele estava todo enferrujado e avia sido amassado e derrubado violentamente, a grama e o mato cresciam violentamente sobre a estrada a anos ninguém o aparava, continuei a caminhar, continuei a andar enquanto via apenas algumas paredes erguidas, algumas janelas faltado, logo olhei e vi que estava sobre velhos pedaços de lajotas, e um velho armário com metal carbonizado a minha frente, parei de caminhar e iluminei a minha volta, estava cercada pela ruinas carbonizadas do que um dia foi greenwood, o lugar parecia ter sido destruído a séculos a muitos anos, fiquei chocada quando um flash passou sobre minha mente.

****
“Uma imagem de mim, uma imagem de mim nessa idade, estava de cabeça abaixada olhava para os alunos que circulavam um belo corredor, fazia cara de má, estava com ódio, vestida com as mesma roupas que estava caminhava rumo ao refeitório...”
*****
Os flahs sumiram de minha mente, eu estava na mesma idade, no mesmo lugar, mais tudo a minha volta parecia está mais de 50 anos mais velho, tudo parecia ter sido destruído a muito tempo, era impossível, logo comecei a caminhar para trás queria sair dali, um intenso ódio daquele dia dominou meu coração, a sensação de raiva me dominou por completo, cai de joelhos e lagrimas saiam involuntariamente escorriam. Quando ouvi uma voz de uma criança.
-Foi você Anna? Foi?.
Me virei e vih um garotinho gordinho de aproximadamente  6 anos, sua imagem vinha a minha mente, seu nome também “Victor”.
-Anna? Lembra de nossas brincadeiras? A Bebê era a líder de nosso forte.
Fiquei assustada comecei a me arrastar para trás diante das cinzas de greenwood, a criança parou olhou para meus olhos no meio da escuridão abriu a mão e disse.
-Você não se lembra né? – ele fez uma cara de menino emburrado e ficou irado – Mas Bebê lembra de tudo, ela sempre se lembra.
Um forte grito soou em meus ouvidos, o grito de varias criança pedindo ajuda, o grito de varias pessoas pedindo socorro, o barulho de greenwood desmoronado, o som do medo, misturado ao ódio que sentia em minha memorias, a imagem das chamas a minha volta, greenwood deixando de existe, e meu olhar medonho parada observando a destruição de longe, observando o fim de greenwood. Quem sou ? o que está acontecendo?
Tudo ficou negro em minha mente mergulhei em um abismo, enquanto tudo silenciava, enquanto o mundo desmoronava, enquanto meu coração se calava, o garoto deixava de existir, o nada surgia, e a única coisa que pesava era. – se achei a felicidade em meio a tristeza, se encontrei a vida no meio da morte. Posso achar as respostas em meio ao nada? Por fim me silenciava e apagava.

Capitulo 1: A luz do Camaro preto.

O Silencio que sentia naquele momento dominava todo o ambiente, somente minha respiração era ouvida em tamanha vastidão, abria lentamente meus olhos, enquanto sentia a enorme caixa de metal a minha volta se mover, olhava para os lados e me via deitada sobre o banco, era estranho surreal, todo metal estava enferrujado, já não existia janela na enorme abertura de vidro a minha frente, os arames em farpados cercavam a pequena cabine de passeio da velha roda gigante, não conseguia ver nada a minha frente, tudo estava dominado pela escuridão, logo me levantei, caminhei ateh a borda da porta e olhei para baixo, estava tudo negro, escuro, não conseguia ver o fim, era como se estivesse em um enorme abismo.
Algo me chamava como uma voz doce e familiar, uma voz de uma garotinha, uma voz que entrava em minha mente, e iluminava minha visão.
-Venha Anna, por aqui.
Não entendia, não compreendia, do medo criava coragem pra enfrentar o que via, meu coração batia violentamente com o olhar para o infinito, com o olhar para a escuridão eterna, lentamente fui descendo pela porta da cabine e me segurando na estrutura enferrujada da roda gigante, descia por cada barra de ferro, as usando com escada, os arames em farpados circulavam todo lugar, enquanto sobre o silencio do ambiente a voz infantil e doce continuava.
-Por aqui.
Descia cada vez mais devagar, com movimentos lentos, com passos desajeitados, minha calça jeans muito justa não me ajudava na descida, meus cabelos ondulados estavam sobre meu rosto, mais continuava, tinha de descer daquele lugar, lembrar onde estava, porque estava ali.
-Por aqui.
A voz voltava a chamar pela terceira vez, com um som muito familiar e delicado, logo coloquei meu pé esquerdo sobre mais uma barra de metal, já estava na metade da descida, lembrava-me daquele brinquedo gigante, acho que tinha 5 anos quando andei nele pela primeira vez, não me lembro com quem, ou como, lembro-me que ele não era tão velho, era lindo e ficava em um belo lugar, num enorme parque de diversões, um dos melhores que já havia ido em minha vida. Por mais que tentasse me lembrar do resto, não existia o que me lembrar, não existia um começo parecia que tudo que sei começava ali, no meio daquela escuridão eterna, no meio daquele lugar abandonado pelo nada, pelo terror.
Descia mais um passo lento, quando pisei em falso com meu pé direito, fiquei pendurada por uma das mão e me firmei rapidamente, logo suor descia sobre meu rosto, poderia ter despencado e me ferido muito, a roda se moveu um pouco, pude sentir seu balançar, logo algo soava, era o som de engrenagens, a enorme roda fazia esforço para se mover, mais os arames que a cercavam impediam isso, comecei a descer mais rápido, cada vez mais rápido.
Quando o som estrondoso de um dos arames chiou ao meu ouvido passo ligeiramente pelo meu rosto a uma distancia segura ao se arrebentar, e mover mais um pouco a roda, comecei a descer cada vez mais rápido, enquanto os arames iam se arrebentando, cada passo era mais logo, cada vez estava mais próximo do final, mais a roda ia se movendo lentamente a medida que os arames se arrebentavam, descia rápido.
-Por qui, por aqui, anda Anna.
Agora queria mais do que nunca chegar até a voz, queria acha-la, saber a origem de tal voz, saber o que estava se passado, saber o porque de estar em tal lugar infernal e assustador, quando senti a aguda dor de um dos arames que se arrebentaram e chicotearam minhas costas, a dor foi forte, soltei um berro enquanto me soltava da estrutura da roda, cai rapidamente contra o chão antes de cair meu pé se enrolou em vários arames enrolados a dor foi intensa, sentia o sangue verter da minha perna e descer por ela, estava pendurada pela perna olhando para a escuridão, quando a roda começou a se mover, se mover cada vez mais, os arames se arrebentavam, até o ultimo estourar, cai violentamente contra o chão de terra morto, enrolado ao meu pé o bolo de arames, olhava para o infinito a minha frente, enquanto uma luz iluminava meu rosto era forte, muito forte.
Tentava olhava para a luz, já estava me acostumando a ela, quando vi que os arames sumiram senti a brisa sobre meus cabelos bagunçados peguei a terra com minhas mãos vi as arvores que me cercavam, minha perna estava muito ferida e meu carro estava parado a  minha frente, agora entendia o que havia acontecido, sofri um acidente fui arremessada pelo vidro da frente do veiculo podia ver ele quebrado , meu camaro soava a buzina sem parar, a brisa ia levemente me acordando, logo fiquei em pé comecei a caminhar em direção do camaro preto, sentei-me no banco de motorista e tentei acelerar, mais ele não saia do lugar, não se movia, as rodas patinavam.
Nem saberia onde ir, não existia saída estava no meio do mato perdida, olhei para o banco da esquerda abrir o porta luvas e retirei dele uma velha lanterna, quando algo passou rapidamente na frente da luz do farol, não pude ver perfeitamente era algo como uma mulher, com um vestido, logo fiquei de pé acendi a lanterna na direção da escuridão e gritei.
-Tem alguém ai, pode me ajudar?
As respostas não vieram, não havia objeções e comunicação, talvez aquilo tivesse sido fruto da minha mete, não me recordava de nada, não me recordava daquele local, o que estaria fazendo naquele carro? Quem eu era? Onde vivi? Porque disso? Eram tantas perguntas sem resposta, deveria ter batido a cabeça violentamente ao ser arremessada, não sei como não tinha morrido. As luzes do farol do carro começaram a piscar enquanto o radio enlouquecia, e trocava de radio constantemente, olhava aquilo espantada, cada vez menos as luzes piscava cada vez mais o radio pifava, até a bateria morrer.
Acendia a lanterna e caminhava rumo a escuridão, seguia as marcas de pneu enquanto subia um alto barranco estava agora em uma rua totalmente desconhecida, pela direção em que havia caído sabia para que lado seguir, sabia para onde retroceder e descobrir o que se passava, quem eu era. A única coisa que não me saia da cabeça era dois nomes muito familiares, que precisava encontrar a qualquer custo – Bebê e Alessa – isso não havia saído de minha cabeça, tinha de achar as respostas e o caminho para sair dali.

Prólongo

Prolongo
O cair das folhas secas de outono recheava o gramado, o enorme carvalho criava uma sombra perfeita sobre o ambiente em sépia, a grama jazia queimada pelo sol, acinzentada pelas folhas secas e podres, o ruídos das ondas do vento era escutado na vastidão, no infinito gramado, nuvens eram carregadas rapidamente cobrindo o céu de um intenso branco, o velho balanço criava um estranho barulho ao se balançar lentamente pelo vai e vem do vendo, sobre suas cordas.
Sobre a sombra do enorme carvalho deitava-se duas belas garotinhas, tomada pelo êxtase do momento, Pelo sufocar da brisa, pelo tedio do dia, e pelos amargos sentimentos trazidos da vida, aquele momento era único em seus dias, simples para algumas pessoas, mais único para ela, a mais velha de cabelos longos negros, olhos azuis e pele clara usava um belo vestido surrado amarelo do tempo, com seus babados desfiados e rasgados nas pontas, a renda envelhecida que cobria a meias rasgadas e desfiadas, segurava uma velha boneca de porcelana com o corpo feito de panos, cabelos compridos e negros, olhos de vidro castanhos, e face congelada de um breve sorriso, de um breve momento surreal de alegria, e magia.
Deitada sobre o velho carvalho, olhando o fim do mundo passar, observando o velho balanço rangido, e a pilha de folhas coletadas a algumas horas a esquerda da grande sombra do carvalho, o velho ancinho enferrujado e acabado, a menina mais velha apreciava a jovem amiga deitada ao seu lado, a jovem com em torno de 5 anos, cabelo ondulado, rosto triste, abatido, vestido feito de trapos, num tom que já foi vermelho, ela beijava a mais nova na testa, enquanto.
-Anna amo muito você, somos irmãs não somos – O sorriso sobre o rosto da mais velha, não era o suficiente para abrir a felicidade da garota mais nova.
-Sim somos Alessa – Dizia a pequena Anna a sua bela amiga Alessa.
-Então confio em você para cuidar de Bebê, ela é nossa filha.
O rostinho de Anna brilha ao ver sua amiga estender lhe a boneca, ela a abraçava como se fosse a coisa mais preciosa em sua vida, olhava para Bebê, com paixão, arrumava seu vestidinho velho e amarrotado, enquanto deixava seus olhos brilhar para a amiga e dizia.
-Brigado Alessa, cuidarei de Bebê, jamais deixarei ela ver coisas ruins, ou viver em um mundo ruim como o nosso.
-Sei que jamais deixar amiga, é por isso que confio Bebê a você, cuide bem dela, é nossa filha.
O abraço entre as três era eterno, uma união entre uma família, Bebê logo ao meio, com seu rosto congelado no tempo, seus olhos de vidros castanhos vibrantes, o momento parecia não acabar no infinito daquele lugar, na brisa de outono, na sombra do velho carvalho, sobre o som do balançar do antigo balanço.
*******
Como um choque no tempo, Anna olhava a escuridão, ela jamais entendera o que se passava, jamais entendera o que poderia estar vendo, o velho carvalho estava sem folhas, ao redor não existia luz, somente escuridão, o velho balanço balançava horrendamente, ele não era mais preso por cordas, mais sim por arrames farpados parecendo terem recém sido retirados de um corpo de algum animal, machados pelo negro do sague coagulado e pelo alaranjado da ferrugem.
Ele balançava, enquanto Anna aos seus 18 anos o olhava, o olhava de forma assustadora, lembrando de bons momentos como se tivessem sidos os piores, sobre o balanço uma mulher se balançava, tinha pele branca como a neve, cabelos longos e negros, vestia um vestido antigo, meio infantil, branco surrado, amarelado pelo tempo, com a bordas desfiadas e algumas costuras desfiadas, sua meia de renda branca estava desfiada, com alguns buracos aparentes, com um ar obscuro, a mulher usava uma mascara de porcelana, lentamente erguia a cabeça para Anna.
Sobre a mascar uma enorme rachadura do lado esquerdo que formava um enorme buraco de onde a escuridão revelava um olhar, o globo ocular era composto de uma íris de um azul penetrante, ao seu exterior era repleto de um vermelho sanguinário composto de diversos vasos sanguíneos rompidos em uma enorme hemorragia, a mascara não tinha movimentos, era a imagem parada no tempo do rosto de Alessa, a assustadora mulher olhava Anna que jazia assustada com o vestido sujo de sangue e uma faca em mãos e dizia com uma horripilante voz.
-Foi aqui Anna que você jurou proteger Bebê, jurou que jamais a deixaria ver tudo que ela viu.
Anna caia ao chão, enquanto a mulher da mascara de porcelana se levantava do balanço e caminhava lentamente como se estivesse forçando movimentos de andar, e erguia a boneca Bebê pelos cabelos.
-Olhe o que você fez.
Sobre o rosto da boneca uma enorme rachadura do lado esquerdo, colada com algum tipo de super cola, e todo o olho de vidro desse lado espatifado. Lagrimas corriam do rosto de Anna, enquanto via tal imagem e dizia.
-Ela é minha, devolva Bebê.
A mulher se virava de costa largava a boneca sobre o gramado morto, e andava rumo a escuridão, Anna corria em direção a boneca, a abraçava fortemente enquanto dizia.
-Ainda posso mudar tudo Bebê.