quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Capitulo 1: A luz do Camaro preto.

O Silencio que sentia naquele momento dominava todo o ambiente, somente minha respiração era ouvida em tamanha vastidão, abria lentamente meus olhos, enquanto sentia a enorme caixa de metal a minha volta se mover, olhava para os lados e me via deitada sobre o banco, era estranho surreal, todo metal estava enferrujado, já não existia janela na enorme abertura de vidro a minha frente, os arames em farpados cercavam a pequena cabine de passeio da velha roda gigante, não conseguia ver nada a minha frente, tudo estava dominado pela escuridão, logo me levantei, caminhei ateh a borda da porta e olhei para baixo, estava tudo negro, escuro, não conseguia ver o fim, era como se estivesse em um enorme abismo.
Algo me chamava como uma voz doce e familiar, uma voz de uma garotinha, uma voz que entrava em minha mente, e iluminava minha visão.
-Venha Anna, por aqui.
Não entendia, não compreendia, do medo criava coragem pra enfrentar o que via, meu coração batia violentamente com o olhar para o infinito, com o olhar para a escuridão eterna, lentamente fui descendo pela porta da cabine e me segurando na estrutura enferrujada da roda gigante, descia por cada barra de ferro, as usando com escada, os arames em farpados circulavam todo lugar, enquanto sobre o silencio do ambiente a voz infantil e doce continuava.
-Por aqui.
Descia cada vez mais devagar, com movimentos lentos, com passos desajeitados, minha calça jeans muito justa não me ajudava na descida, meus cabelos ondulados estavam sobre meu rosto, mais continuava, tinha de descer daquele lugar, lembrar onde estava, porque estava ali.
-Por aqui.
A voz voltava a chamar pela terceira vez, com um som muito familiar e delicado, logo coloquei meu pé esquerdo sobre mais uma barra de metal, já estava na metade da descida, lembrava-me daquele brinquedo gigante, acho que tinha 5 anos quando andei nele pela primeira vez, não me lembro com quem, ou como, lembro-me que ele não era tão velho, era lindo e ficava em um belo lugar, num enorme parque de diversões, um dos melhores que já havia ido em minha vida. Por mais que tentasse me lembrar do resto, não existia o que me lembrar, não existia um começo parecia que tudo que sei começava ali, no meio daquela escuridão eterna, no meio daquele lugar abandonado pelo nada, pelo terror.
Descia mais um passo lento, quando pisei em falso com meu pé direito, fiquei pendurada por uma das mão e me firmei rapidamente, logo suor descia sobre meu rosto, poderia ter despencado e me ferido muito, a roda se moveu um pouco, pude sentir seu balançar, logo algo soava, era o som de engrenagens, a enorme roda fazia esforço para se mover, mais os arames que a cercavam impediam isso, comecei a descer mais rápido, cada vez mais rápido.
Quando o som estrondoso de um dos arames chiou ao meu ouvido passo ligeiramente pelo meu rosto a uma distancia segura ao se arrebentar, e mover mais um pouco a roda, comecei a descer cada vez mais rápido, enquanto os arames iam se arrebentando, cada passo era mais logo, cada vez estava mais próximo do final, mais a roda ia se movendo lentamente a medida que os arames se arrebentavam, descia rápido.
-Por qui, por aqui, anda Anna.
Agora queria mais do que nunca chegar até a voz, queria acha-la, saber a origem de tal voz, saber o que estava se passado, saber o porque de estar em tal lugar infernal e assustador, quando senti a aguda dor de um dos arames que se arrebentaram e chicotearam minhas costas, a dor foi forte, soltei um berro enquanto me soltava da estrutura da roda, cai rapidamente contra o chão antes de cair meu pé se enrolou em vários arames enrolados a dor foi intensa, sentia o sangue verter da minha perna e descer por ela, estava pendurada pela perna olhando para a escuridão, quando a roda começou a se mover, se mover cada vez mais, os arames se arrebentavam, até o ultimo estourar, cai violentamente contra o chão de terra morto, enrolado ao meu pé o bolo de arames, olhava para o infinito a minha frente, enquanto uma luz iluminava meu rosto era forte, muito forte.
Tentava olhava para a luz, já estava me acostumando a ela, quando vi que os arames sumiram senti a brisa sobre meus cabelos bagunçados peguei a terra com minhas mãos vi as arvores que me cercavam, minha perna estava muito ferida e meu carro estava parado a  minha frente, agora entendia o que havia acontecido, sofri um acidente fui arremessada pelo vidro da frente do veiculo podia ver ele quebrado , meu camaro soava a buzina sem parar, a brisa ia levemente me acordando, logo fiquei em pé comecei a caminhar em direção do camaro preto, sentei-me no banco de motorista e tentei acelerar, mais ele não saia do lugar, não se movia, as rodas patinavam.
Nem saberia onde ir, não existia saída estava no meio do mato perdida, olhei para o banco da esquerda abrir o porta luvas e retirei dele uma velha lanterna, quando algo passou rapidamente na frente da luz do farol, não pude ver perfeitamente era algo como uma mulher, com um vestido, logo fiquei de pé acendi a lanterna na direção da escuridão e gritei.
-Tem alguém ai, pode me ajudar?
As respostas não vieram, não havia objeções e comunicação, talvez aquilo tivesse sido fruto da minha mete, não me recordava de nada, não me recordava daquele local, o que estaria fazendo naquele carro? Quem eu era? Onde vivi? Porque disso? Eram tantas perguntas sem resposta, deveria ter batido a cabeça violentamente ao ser arremessada, não sei como não tinha morrido. As luzes do farol do carro começaram a piscar enquanto o radio enlouquecia, e trocava de radio constantemente, olhava aquilo espantada, cada vez menos as luzes piscava cada vez mais o radio pifava, até a bateria morrer.
Acendia a lanterna e caminhava rumo a escuridão, seguia as marcas de pneu enquanto subia um alto barranco estava agora em uma rua totalmente desconhecida, pela direção em que havia caído sabia para que lado seguir, sabia para onde retroceder e descobrir o que se passava, quem eu era. A única coisa que não me saia da cabeça era dois nomes muito familiares, que precisava encontrar a qualquer custo – Bebê e Alessa – isso não havia saído de minha cabeça, tinha de achar as respostas e o caminho para sair dali.

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